FNAMzine #4 - A voz do SNS - Flipbook - Page 11
µ 11 | FNAMZINE | maio 2025
atrasa a tomada de decisões e a implementação de
melhorias necessárias. Tudo isto contribui para a
insatisfação com as condições de trabalho e a remuneração leva à saída de médicos para o exterior ou
para outros setores, agravando a escassez de profissionais no SNS.
Passado e Futuro
O SNS em Portugal foi criado em 1979, e os seus princípios fundamentais foram estabelecidos para garantir um serviço de saúde universal, acessível, equitativo e de qualidade. Estes princípios garantem que
todos os cidadãos tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade, independentemente da sua condição social ou económica.
Refletir sobre a origem do SNS e o seu propósito, o
que me levou a ser médico e as dificuldades crescentes para quem nele trabalha, foi algo que naturalmente me levou a identificar com os valores FNAM e
as reivindicações que defendem.
As principais reivindicações apresentadas nos últimos anos são a valorização da Carreira Médica, melhoria das condições de trabalho, aumento da remuneração, reforço do SNS, autonomia médica, contratos e vínculos justos. É interessante observar que, no
cerne dessas propostas, está a simples intenção de
preservar os princípios fundadores do SNS, criando
uma ligação entre o passado e o futuro.
Conclusão
Assim, o que deveria ser um momento de alegria e
celebração transformou-se em uma reflexão amarga
sobre os desafios que atualmente enfrentamos como médicos. A transição de um internato esperançoso para uma carreira marcada por contratempos é
uma realidade que muitos enfrentam, mas é crucial
que continuemos a lutar por melhores condições e
reconhecimento.
Estamos cansados!
Acho que há uma simples frase que resume o meu estado de espírito atual e
de muitos colegas: Estamos cansados!
Particularizo uma situação que acho que permite entender muito do que se
passa no Serviço Nacional de Saúde (SNS) atualmente. Tive uma ideia para
uma consulta multidisciplinar, uma nova oferta para os doentes.
É do interesse do Hospital, vai servir para criar engaging nas redes sociais
e nas notícias. No entanto, tinha de escrever e criar de raiz o projeto,
ultrapassar todas as burocracias, abstrair-me da falta de espaço, tempo,
dinheiro e recursos humanos. Para isso convidei pessoalmente cinco
colegas, que se mostraram interessados, mas ao fim de nem de um
mês, metade tinha saído do Hospital. Não há tempo, não há melhoria
da remuneração e nas condições de trabalho, mas dá sempre para nos
pedirem mais uma “urgênciazinha”.
Acredito que, apesar dos desafios, a discussão contínua sobre
as reivindicações da FNAM e a procura por melhorias no SNS são
essenciais para reverter essa tendência de desencanto. O nosso
compromisso com a profissão e com os doentes deve prevalecer,
pois é através da nossa união que poderemos enfrentar os desafios
que ainda estão por vir
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