FNAMzine #4 - A voz do SNS - Flipbook - Page 30
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Utentes - Entrevistas
EM DEFESA DA GESTÃO PÚBLICA
DO HOSPITAL DE SANTO TIRSO
RODRIGO AZEVEDO, Comissão de Utentes de Santo Tirso
Face a essa intenção, criou-se um Movimento de
Utentes em Defesa do Hospital de Santo Tirso e
nele convergiram dezenas de cidadãos que, ao
longo dos anos, participaram ativamente na defesa do Hospital e do SNS: nos protestos contra
o encerramento da maternidade em 2006, sob
o Governo de então, nas marchas que, em 2015,
travaram esta mesma entrega à Misericórdia,
e, mais recentemente, ao recolher centenas de
assinaturas, exigindo um hospital novo, de raiz,
com valências e equipamentos adequados para
servir as populações de Santo Tirso e dos concelhos vizinhos. São estas gentes, de memória viva,
que não se curvam, que não aceitam que o futuro
seja menos do que aquilo a que tem direito.
O Hospital Conde de S. Bento, em Santo Tirso, volta a ser ameaçado pelas mãos do Governo atual,
que, com a soberba de quem julga o povo mero
figurante, quer entregar a sua gestão à Misericórdia, como se a saúde fosse mercadoria e não
um direito inalienável. Já em 2015, o povo bateu
o pé e travou essa intenção, mas agora, em 2025,
a mesma sombra regressa, pisando a vontade
dos utentes, ignorando os trabalhadores, desdenhando de quem, dia após dia, sustenta o Serviço
Nacional de Saúde.
O que está em causa é muito mais do que a gestão
de um hospital. É a garantia de que a saúde continuará a ser um direito universal, acessível a todos
e não um privilégio reservado a quem tem meios
para pagar. É a defesa dos profissionais de saúde
que, dia após dia, enfrentam condições adversas
para cuidar das nossas vidas. É o futuro do SNS e
da dignidade de um serviço público ao serviço do
povo de Santo Tirso.
µ FNAMZINE | SANTO TIRSO
Em 15 de Março, uma
manifestação trouxe às ruas
de Santo Tirso centenas
de pessoas — utentes,
profissionais, associações
— que gritaram, com a força
de quem não desiste, que a
Misericórdia não é solução, mas
retrocesso, e que o presente e
futuro exige um reforço do SNS
O Movimento arregaçou as mangas, multiplicaram-se reuniões, esclarecendo-se, convocando, e no dia 8 de Fevereiro de 2025, uma Tribuna
Pública fez ecoar vozes diversas, mas unidas, em
defesa do hospital público. Em 15 de Março, uma
manifestação trouxe às ruas de Santo Tirso centenas de pessoas — utentes, profissionais, associações — que gritaram, com a força de quem não
desiste, que a Misericórdia não é solução, mas
retrocesso, e que o presente e futuro exige um reforço do SNS. Foram mobilizações como há muito não se viam, em Santo Tirso, demonstrando
inequivocamente de que lado está a população
tirsense.
Queremos mais, exigimos mais: a gestão pública do hospital, o reforço do SNS, salários dignos
para os profissionais, carreiras que os respeitem,
valências e equipamentos que sirvam o povo, e,
no horizonte, um novo edifício, construído de
raiz, que seja casa digna para quem cuida e para quem é cuidado. E à próxima Assembleia da
República, que há-de nascer das urnas, dizemos,
com a clareza de quem não abdica: o Hospital de
Santo Tirso é do povo e do povo será, porque a
luta, essa, não conhece fim e a esperança, essa,
nunca se apaga.