FNAMzine #4 - A voz do SNS - Flipbook - Page 37
µ 37 | FNAMZINE | maio 2025
hospital estiver de um centro urbano, maior é o
problema da falta de especialistas.
FZ: Quais questões mais preocupam os médicos croatas?
RČČ: É a escassez de médicos e o grande número de horas extras usadas para compensar essa
falta. Um médico que precisa “cobrir” vários
postos de trabalho ao mesmo tempo.
FZ: E a população em geral, quais são suas principais preocupações?
RČČ: As pessoas estão mais preocupadas com
a indisponibilidade de médicos de família e
pediatras, especialmente em cidades mais pequenas.
FZ: A população está ao lado das reivindicações médicas?
RČČ: As ações sindicais têm tido amplo apoio
público. A maioria das pessoas entende e valoriza o quão exigente é nosso trabalho e o sacrifício que é necessário.
FZ: A jornada de trabalho de 35 horas é
uma realidade?
RČČ: Dada a escassez de médicos em
grande parte do país, a semana de trabalho dura muito mais que 40 horas.
Alguns países europeus já implementaram a semana de 35 horas, e o HLS
exigirá isso em breve às autoridades de
saúde.
FZ: Como funciona a negociação coletiva na saúde? É respeitada?
RČČ:Apesar da defesa sustentada do
HLS por um acordo coletivo profissional
para médicos nas últimas décadas, todos os
governos se recusaram consistentemente a
implementá-lo.
O HLS está envolvido em negociações com
o governo sobre um acordo coletivo no setor da saúde, em colaboração com sindicatos que representam enfermeiros e outros
funcionários. As negociações estão em andamento.
FZ: Sente que os médicos ainda são valorizados pela sociedade? Eles têm o reconhecimento que merecem? Têm espaço na
opinião pública para expressar suas preocupações e reivindicações?
RČČ:O status dos médicos na sociedade
mudou significativamente nos últimos 20
anos. Embora ainda sejam respeitados, não
é na medida que merecem.
A prevalência do “médico Google” cria uma
falsa impressão de que as pessoas são conhecedoras de medicina e doenças. Como
resultado, muitas vezes solicitam terapias
ou encaminhamentos específicos com base
nas suas próprias pesquisas, ignorando os
conselhos e recomendações dos profissionais médicos.
Quanto às relações com os meios de comunicação social, sempre mantivemos uma
boa cooperação, garantindo que todas as
nossas ações sejam bem cobertas.
FZ: Como vê o agravamento das relações
entre governos de diferentes nações,
que intensificou conflitos militares e económicos?
RČČ: Guerras nunca beneficiaram quem
quer que seja. Os croatas viveram os horrores da guerra dos anos 1990, na qual eu
e muitos colegas participámos. Apenas
aqueles que testemunharam e suportaram
a guerra, perdendo familiares e amigos, podem realmente entender seus horrores... E
não desejo isso a ninguém.
FZ: Que mensagem daria aos jovens médicos que estão a entrar na profissão?
RČČ: Após 36 anos de dedicação como especialista em cirurgia geral e sub-especialista em cirurgia digestiva, posso afirmar que
encontrei aspectos gratificantes e desafios
inerentes à profissão que escolhi.
E se tivesse que escolher novamente hoje
— faria a mesma escolha! Se amamos a medicina, se amamos as pessoas, escolhemos
uma profissão maravilhosa, que no final,
nos dará mais satisfação que preocupações!
As ações sindicais
têm tido amplo apoio público
µ FNAMZINE | RENATA ČULINOVIĆ-ČAIĆ