FNAMzine #4 - A voz do SNS - Flipbook - Page 9
µ 09 | FNAMZINE | maio 2025
Sindicato dos Médicos da Zona Sul
Conhecer o passado é importante
para avaliar o presente e prevenir o futuro
tar a autonomizar as duas unidades hospitalares
e apesar do desaire que foi o CHA , o Governo de
António Costa, em 2017, decide criar o Centro Hospitalar Universitário do Algarve. Apesar da eventual promoção sugerida pela designação, este
não veio a colmatar a progressiva saída de profissionais e o recurso cada vez maior a empresas
prestadoras de serviços médicos.
Actualmente, com a denominação Unidade Local
de Saúde (ULS) do Algarve que integra os cuidados
primários e hospitalares, a região debate-se com
falta de profissionais. A sistemática postura política de subfinanciamento crónico do sector público da saúde, estrangulando o funcionamento
dos serviços, o desprezo pelas carreiras dos profissionais , a não actualização salarial, as más condições de trabalho, a organização de serviços e a
mediocridade de algumas chefias político-partidárias têm levado ao êxodo de profissionais para outras paragens, à abertura de concursos sem
candidatos e à perda de idoneidade de serviços
para o internato.
Como noutras regiões do país, também no Algarve os serviços de ginecologia/obstetrícia e
pediatria do CHA, devido à falta de profissionais,
encerraram a urgência em várias ocasiões, situação denunciada pelo SMZS em 2024. O serviço
de Oncologia do CHA tem também denunciado a
falta de recursos humanos, excesso de trabalho,
dificuldade no acesso à imagiologia atempada
(nomeadamente TAC), atrasos na aprovação de
medicamentos especificos pelo Conselho de Administração, levando a apresentação de minutas
de escusa de responsabilidade .
O que mais virá?
Mais uma vez o Algarve vai ser palco
de uma experiência inovadora que
consiste na criação, segundo anúncio
da ministra da Saúde Ana Paula Martins
do primeiro serviço local de saúde
integrando o sector público e privado,
bem como a criação de duas USF
modelo C. Assim, tudo aponta para a
intenção de entrega ao sector privado
dos serviços públicos em prejuízo de
utentes e trabalhadores do sector.
Não é com esta solução que vamos
garantir serviços de saúde acessíveis e
de qualidade, gerais e universais como
determina a Constituição para todos os
cidadãos. O que o Algarve necessita é
de investimento nos serviços públicos
do SNS, nomeadamente mais recursos
humanos e técnicos.
Possam os Algarvios e trabalhadores
do SNS ver mais longe e frustrar tais
desígnios.
O futuro depende de todos nós.
Viva o SNS.
A região do Algarve é conhecida desde há vários anos pelas notícias de falta
de recursos humanos, de forma mais evidente no Verão, tanto nos cuidados
de saúde primários como nos hospitalares
O ALGARVE NECESSITA DE INVESTIMENTO NOS SERVIÇOS PÚBLICOS DO SNS
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