FNAMzine #5 - Defender os Médicos do Desgaste Rápido - Flipbook - Page 28
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Estudantes - LUIZA TONON
A SAÚDE NÃO PODE
SER UMA MERCADORIA
LUIZA TONON De doutorada em História a futura médica, Luiza fala
do peso do curso, da importância do SNS e da luta por uma Medicina
solidária. Luiza Tonon nasceu em Itália há 32 anos, vive em Portugal
e estuda Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de
Lisboa. O seu percurso é marcado pela pluralidade: antes da
Medicina, doutorou-se em História e viveu vários anos no Brasil.
Hoje, no 4.º ano, defende com firmeza a importância do SNS e a
necessidade de olhar a Saúde não como mercadoria, mas como
um direito.
FNAMZINE (FZ):
Como chegou à Medicina?
Luiza Tonon (LT): Quando era
mais jovem não tinha intenção de seguir Medicina.
Fiz História, onde me doutorei. Mas, vivendo no
Brasil e em contacto
com diferentes realidades sociais, percebi a enorme importância que o acesso à Saúde tem na
vida das pessoas.
Foi esse percurso que
me trouxe até aqui.
@YOURI PAIVA
FZ: E como tem sido a experiência em Portugal?
LT: Estou no quarto ano e tem sido uma boa experiência. O curso é
muito exigente e requer dedicação
absoluta.
FZ: Agora que a componente prática
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se intensifica, como se sente?
LT: Muito feliz. Quero aproveitar ao
máximo as rotações em várias especialidades.
FZ: A carga curricular é realmente tão
pesada como dizem?
LT: É muito exigente, com inúmeras
horas de estudo para todas as cadeiras. Para trabalhadores-estudantes,
como eu, é ainda mais difícil.
FZ: Existe uma cultura de perfeição
entre estudantes?
LT: Sim, há uma competitividade excessiva. Mas também se encontra
muita cooperação.
Ambas as coisas convivem lado a lado.
FZ: Porquê essa competitividade?
LT: Desde o acesso à Medicina, que
exige notas altíssimas, até à Prova Nacional de Acesso (PNA) à especialidade. Muitos estudantes não lidam bem